ambas, as duas, de choques com reinícolas em torno do mal-estar produzido pelo sistema vigente colonialista.
Por sua vez, na metrópole os estudantes brasileiros não tardariam a sentir esses mesmos efeitos, filhos de senhores de engenho desavindos com os mascates, ou seja, mercadores alienígenas das cidades, assim designados por reminiscências dos bufarinheiros conhecidos pelos portugueses na região desse nome, no Oriente Próximo. O seu número crescente nas aulas universitárias provocou progressivo antagonismo de colegas e, mesmo, da população, expresso em meados do século XVIII por panfletos anônimos gênero "Conselhos que dá hum brasileiro", "Dialogos de Marcina e Delmira", "Palito Metrico", e muitos mais em que os coloniais são chamados "bromas", ou açúcar da pior qualidade, provenientes de toscas regiões sertanejas "onde se chamam Senhoras a Pretas e Mulatas", em que ressuma palpável a malquerença. Nessa literatura, merecedora de acurado estudo, temos até nomes ilustres, como o mestre do soneto Bocage, que escolheu como tema de diatribes contra o pobre Caldas Barbosa, principalmente o fato de ele ser americano. O travo de conflitos assim concebidos seria ainda agravado pela descoberta de ouro nas Minas Gerais.
Foi profundo o abalo ressentido pelo evento nas duas margens do Atlântico. Posto representasse em realidade riqueza inferior à do açúcar, retumbava a sua fama em toda a Europa pelo mágico efeito do fulvo metal, finalmente encontrado o tesouro que desde Pedro Álvares almejavam ministros, mercadores, Reis e Imperadores. Mudada a sede da colônia por essa causa para o Rio de Janeiro, concentrou-se a atenção da coroa na zona aurífera de que aquela cidade ia ser o escoadouro. Sucederam-se daí por diante cartas régias e alvarás que