atualmente alastrado por esses Brasis, que muita gente supõe novidade.
Não menos perturbadora para o bom andamento da vida nas capitanias foram as novas perseguições do Santo Ofício. Renasceram no mesmo reinado do "Rei Freirático" por volta de 1731, com violência muito maior no Brasil do que no tempo do sombrio Filipe II de Habsburgo. Tinham-se reconstituído aos poucos, nas regiões de maior atividade comercial da colônia, grupos de cripto-judeus descendentes de cristãos-novos. Excessos de fanatismo praticados pelos do Rio de Janeiro, a que pertencia o famoso Antônio José da Silva, teatrólogo, autor das conhecidas "óperas" Guerra do Alecrim e da Mangerona, Pecúnia Argentina e muitas mais, provocaram os zelos do governo e do soberano. Temiam que sucedesse com o ouro o que acontecera com o açúcar ainda na memória de todos, em que supostos conversos tinham representado papel de quinta-colunas a favor de estranhos cobiçosos de riquezas brasileiras. Desabaram, daí, sobre a colônia medidas superciliosas a cargo da inquisição, revestidas de severidade nunca vista.
Só na Paraíba foram condenadas para cima de quarenta pessoas a cárcere perpétuo em que figuravam velhas como Clara Henriques ou Maria Valença, com mais de setenta anos de idade, ou jovens como Guiomar de Valença com 24. De permeio, duas infelizes criaturas, Guiomar Nunes, de 37 anos e Isabel Henriques de 41, foram queimadas, provavelmente depois de remetidas ao Santo Ofício de Portugal. As execuções capitais recaíam sobre os pertinazes, culpados da recusa de se emendarem nas abjurações, obstinados em repelir toda tentativa de "reconciliação", como sucedeu com o teatrólogo, o qual repeliu de pés juntos os rogos que lhe