A conquista da Paraíba

recursos do lugar. A fórmula, ademais, deverá ser adotada mais tarde ou cedo por todas as nações do orbe, mormente no Nordeste brasileiro, providência salvadora, que virá infelizmente tarde, só depois de espantosas desgraças, segundo previu o sábio Einstein, um dos maiores engenhos da atualidade.

Em 1782 recuperava a Paraíba a sua independência de Pernambuco. Assumia então o aspecto político e social padrão das demais capitanias brasileiras admiravelmente descrito pelo notável viajante Augusto de Saint-Hilaire. Escrevia o botânico em artigo sobre o Brasil por ele conhecido em 1817, no passo onde descreve o regime colonial recém-findo com a chegada à corte de D. Maria I, "Chaque capitainerie avait son satrape, chacune sa petite armée, chacune avait son petit trésor, elles comuniquaient difficilement entre elles, souvent même elles ignoraient réciproquement leur existence. Il n'y avait pas au Brésil de centre commum; c'etait un cercle immense, dont les rayons allaient converger bien loin de la circonférence".

Na situação assim criada, não havia grandes fortunas particulares. Os antigos senhores de engenho, em grande parte descendentes dos conquistadores, tinham de lutar com as flutuações econômicas impostas ao agricultor, principalmente ao necessitado de grande número de braços como exigia o regime semiagrário, semi-industrial do açúcar. Rivalizava com ele, como no tempo da Guerra dos Mascates, o comerciante importador e exportador, quase sempre reinol, em maior contato com o exterior e o governo. Ambos, porém, dividiam e subdividiam as heranças que deixavam, por excessivos herdeiros, cujo resultado era formar-se classe média e submédia que ia causar a "Revolução Praieira". Ainda perdurava no Nordeste grande fervor religioso, mantido pela estreita associação de crença e família a

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