mais o deteria nos escaninhos a presidir as finanças do Estado, com vultoso provento para intermediários. Quanto mais dinheiro necessitava um governo, maior lucro proporcionava aos encarregados de consegui-lo, situação que havia de largamente favorecer ao normando.
Com a prosperidade, passou Angô a armar maior número de navios assim como reunia mais capitães e pilotos. A excepcional condição a que chegara trazia-lhe sem-número de vantagens monetárias e políticas. Transparecia a sua prosperidade nas honrarias sobre ele desabadas, sucessivamente senhor de vários sítios, e, por fim, erigido a visconde de Dieppe, que lhe conferia o governo desse porto e da região circunvizinha. Estava nesta altura lastreado de meios bastantes para se abalançar à luta contra monarca possuidor de boa parte do orbe.
Dispunha de navios de sua exclusiva propriedade, mais outros em que auxiliara a armação, além dos que pertenciam a meros protegidos, de maneira a constituir grêmio com acerto denominado por historiadores modernos "Sindicato Angô". Tornou-se, destarte, pesadelo para a coroa portuguesa. Possivelmente teria comanditado ou inspirado em começos do século XVI a ida de Paulmier de Gonneville a Lisboa, onde o mercador teve oportunidade de assistir à explosão de júbilo causada pelo retorno de Vasco da Gama, da Índia. Logo depois também lhe proporcionaria o necessário para empreender a expedição, que em 1503 foi à América e marcou o início do interesse francês pelo Brasil.
Coincidia o rojo de descobrimentos com as ambições da França no mar e a refulgente prosperidade do armador diepense chegado em princípios do século XVI ao fastígio da opulência e do prestígio social. Dentro de suas atribuições, Angô podia dar largas a iniciativas