em qualquer ramo de comércio, além de organização de grupos financeiros e ambiciosas aventuras no oceano. As descrições da sua residência em Dieppe, onde se encontravam ornatos e mais elementos a lembrar terras longínquas, dão ideia da mentalidade e dos recursos à disposição do personagem que o destino colocara ante el-Rei de Portugal.
Na altura em que poderosamente contribuíra à defesa de Boulogne contra ingleses, graças aos recursos de toda ordem que pusera à disposição da praça sitiada, morava em palácio construído com profusão de madeira segundo a técnica normanda, em que entravam muitas essências do Brasil para maior esplendor da mansão. Das inovações especialmente para ele introduzidas na obra por hábeis engenheiros, constava reservatório de água no alto do telhado, abastecido por bombas como as usadas nos navios, de modo a poder distribuir o líquido como somente hoje se consegue em cidades providas de meios modernos. Sequer faltavam no conjunto des eaux jaillissantes, segundo nos diz um biógrafo de Angô, junto de bicharia exótica trazia do Novo Mundo, tratada por indivíduos curiosamente vestidos, chegados à Normandia em cargueiros de madeira vermelha, gente de fisionomia estranha, baços, troncudos, cabelos negros e corredios, algo parecidos com extremo orientais.
Constituído chefe dos armadores normandos, Angô proporcionou em grande parte visitas de soberanos à ativa região do reino de que dependiam expedições longínquas, competidoras dos vizinhos de além Pireneus, teimosamente arvorados em senhores do oceano. A grandeza da monarquia nessas ocasiões foi sublimada através de pompa e munificência dignas de apoteoses de Roma imperial, a poder de arcos de triunfo, obeliscos, vasos, templos, estátuas e altos-relevos, alusivos a excelência da dinastia reinante e méritos dos súditos, em