A conquista da Paraíba

que se poderia vislumbrar a presença nos centros mercantes da Normandia de fuorusciti florentinos, os quais traziam para as brumas do norte o fulgor da Renascença toscana.

A arte decorativa em moda fundia-se com lembranças das terras visitadas pelos navegadores franceses a centenas de léguas de distância do sítio onde ocorriam festejos. Tanto se intensificara o intercâmbio entre a Normandia e o litoral brasílico, que os diepenses ou ruaneses pouco se admiravam em ver gentes do Novo Mundo nas ruas da cidade. O mesmo, porém, não sucedia com outros súditos dos Valois. Daí, ocorrer aos organizadores de ruidosas recepções a coparticipação de índios em cenas e desfiles, em vários sítios, meio seguro de divertir, impressionar, e, principalmente, lisonjear a vaidade de Príncipes e povo com amostras do expansionismo francês levado à outra margem do Atlântico.

Numa dessas ocasiões figuraram numerosos indígenas do Brasil pertencentes, segundo certos autores, a importante ramo Tupi de zona frequentada por franceses, com os quais mantinham ativo comércio. Diziam-se tabajaras - assim grafavam os narradores - chefiados por morubixaba cujo nome infelizmente, por descaso de cronistas, não chegou até nós. Os silvícolas, pelo seu pitoresco e novidade, foram aliciados pelos festeiros para surgirem ante o Rei e a corte tal como viviam no hábitat, em matas cheias das feras de que eram exímios caçadores. No afã de lhes facultar quadro condigno, escolheram os magistrados de Ruão, dirigentes do espetáculo, recanto nas margens do Sena, perto de altura que aos Príncipes podia servir de tribuna, lugar onde os selvagens deviam reproduzir o mais fielmente possível a sua existência em aldeias indígenas. Os ameríndios improvisaram na ocasião, de parceria com naturais da província, bosque pretensamente tropical em redor de

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