com potentados e mercadores, condição diversa das gentes americanas desprovidas desses elementos de aproximação. Uma das consequências consistiu em não tardarem abusos intoleráveis por parte dos homens de armas das tranqueiras paraibanas, baianas ou vicentinas, em detrimento de índios desprezados e barbaramente tratados. Por medida de segurança não permitiam os das guarnições grupos de silvícolas perto das feitorias, cujos acessos eram atentamente vigiados, ainda eles comparecessem para entabular negócios ou para trazer e embarcar produtos da terra. Fora dessas ocasiões, mantinham o indígena a distância, de modo a reinar suspeita e inimizade entre forasteiros e hospedeiros à força. Adensavam-se, portanto, germes de conflitos tornados agudos, assim que o alienígena se considerasse mais poderoso que o vizinho índio, ao qual se tornava intolerável.
Os franceses pelo contrário, enquanto perdurou o sistema de trocas in natura entre barcos de Dieppe ou Saint-Malo e tribos mansas, não molestavam o indígena com estabelecimentos permanentes, guarnições armadas e outros meios de progressiva absorção de territórios. No escambo com a indiada amiga ofereciam maior número de mercadorias do que os concorrentes, talvez, até, armas de fogo para serem empregadas contra gentio inimigo, e, eventualmente, portugueses. O caso de Paulinier de Gonneville, incumbido de levar Essomeric, filho do principal Arosca ao Velho Mundo, a fim de aprender o manejo de arcabuzes e bombardas, que facultariam enorme superioridade da sua tribo sobre as demais do Brasil, suscita reflexões a respeito. Reproduz, uma das ilustrações das obras de Thevet desenhadas na época, ao principal índio Cunhambebe, portentoso personagem no ato de disparar peça de artilharia que levava ao ombro. Em se tratando de chefe de tribo há possibilidades