A conquista da Paraíba

de que a estampa reproduza cena verídica, o silvícola às voltas com armas aperfeiçoadas como se fosse mercenário gênero Hans Staden ou Ulderico Schmidel. Um simples índio se aproximaria por acaso de bombarda, ao passo que um principal, cuja adesão era cobiçada pelos europeus, teria mais oportunidade de assim proceder provavelmente a convite dos visitantes.

Temos ainda, a propósito dos primeiros contatos de franceses e portugueses com chefes de tabas, mais algumas variantes de comportamento segundo a mentalidade de cada europeu. Como é sabido, Paulmier de Gonneville, mercador normando, tentou ir à Índia traficar com especiaria. Desviado para o Brasil, entrou em entendimentos com o principal Arosca da tribo onde foi melhor recebido na viagem. Para diminuir o prejuízo da adversa navegação resolveu o mercador embarcar pau de tinturaria, obtido in loco em troca de levar índios à França a fim de aprender o manejo de armas de fogo. Circunstâncias independentes da sua vontade impediram o intento, assim como a volta do jovem tupi filho do morubixaba à taba paterna. Condoído pelo que sucedera, Paulmier de Gonneville deu uma sua parenta em casamento ao rapaz, de que se originou prole brasílico-normanda, fato, naquela altura, difícil de suceder em Portugal com portugueses.

Inversamente, quando Martim Afonso desembarcou no Rio de Janeiro, soube - ou já vinha informado de que havia no interior das terras outro poderoso chefe, provavelmente em relações com náufragos lusos da região tropical sul-americana. Mandou tripulantes entrevistá-lo depois de longa caminhada num vale entre serranias. Encontrado ao cabo de muitas léguas tabuleiro composto de campos - em que vemos os de Piratininga - não teve dúvidas em acompanhar os excursionistas, em grande parte compostos de índios seus afins, para

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