A conquista da Paraíba

autoridades metropolitanas a sua pessoa e a de seus filhos, e, se possível, os parentes e afins silvícolas.

Dentro dessa orientação um João Ramalho ou um Caramuru equivaliam a dezenas de brancos povoadores, com a vantagem de prepararem invasão no começo despercebida ao dono da terra. Não raro, também, assim sucedia com o próprio João Ramalho ou Diogo Álvares, em S. Vicente ou na Bahia, longe de imaginarem o alcance da obra de que eram principais atores. A presença de um português numa tribo do litoral significava para o luso alicerce do que Diogo de Gouveia preconizara, ou seja, povoados estabelecidos de forma a permitir o "controle" de largo setor territorial, cuja importância consistia em se desenvolver segundo as conveniências da metrópole, dentro das diretrizes pela mesma imposta, coisa de que os franceses talvez, de momento, não podiam realizar.

Na diferença temos o aspecto efêmero, em aparência inconsistente, das relações entre normandos e índios do Nordeste em contraste com o devorante português em atividade na Bahia ou S. Vicente, que aos poucos os tornavam redutos del-Rei de Portugal, providos de administradores civis, militares e eclesiásticos ainda quando não passavam de agrupamentos de ranchos à moda indígena, os quais, a despeito da fraqueza momentânea, não tardariam a se magnificar em todos os sentidos para maior intensidade do colonialismo metropolitano.

Temos de levar em conta nesta ordem de ideias, relativamente à psique do português em ação dentro de plano colonial, o elemento a dominar por completo a sua mente, e, portanto, ações, presente a todas as horas de sua vida. A crença católica era o cimento a fortificar a coletividade lusa no reino e em terras ultramarinas. Presidia os atos do soberano e os dos povoadores de territórios longínquos, em interação cuja intensidade

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