todo instante manifestações do poderoso poder aglutinados espiritual, razão da prodigiosa extensão e aspecto do império luso. Encontramos nas Cartas Jesuíticas ou na Primeira Visitação do Santo Ofício, os mais variados, curiosos, estranhos, eloquentes episódios sobre este período, a nos demonstrar o poderio da fé onipresente nos lusíadas que intentavam a conquista do Brasil. Compreendemos também o motivo da existência da Inquisição na Península Ibérica visada por cismas religiosos, que, se lograssem penetrar nos dois reinos, lhes destruiriam os impérios coloniais, como sucedeu nas empresas de franceses.
Custa-nos atualmente medir em todo o seu alcance certos acontecimentos do passado. A psique do português quinhentista encontrava-se sob os Avis mais próxima da Idade Média do que da Renascença. Aumenta a dificuldade no seu entendimento pelo homem moderno, pela razão de o luso simultaneamente praticar mercancia e traficância, que o erigiram precursor de nações ulteriormente desfrutadoras de impérios coloniais. Junto de atividades mercantes, a decorrer na Casa da Índia ou feitorias de ultramar, vemos norteá-lo acrisolados arroubos de fé de par com nacionalismo, em forma de amálgama de tal modo sólida, maciça, homogênea, que logrou conservar-lhe vultoso domínio colonial até nossos dias. Entretanto, tratava-se de país aparentemente débil, desprovido de riquezas naturais no solo metropolitano, sem de longe possuir os recursos de muitas nações europeias ou asiáticas.
Somente a poder de exemplos, por vezes algo forçados, conseguimos hoje alguma ideia desse enorme poder espiritual e de suas repercussões na formação brasileira. Equivalia a ação da crença na vida do povo e potencial realizador do governo, ao que nestes dias algo se lhe assemelha - se nos for permitido assim dizer -