A conquista da Paraíba

viagem, assim como Garcia da Orta nas Drogas da India. A madeira de emprego semelhante encontrada no Brasil era a ibirapitanga, também pertencente à família das Cesalpináceas, a Echinata reconhecida de boa aplicação na indústria da Europa Central. Dava a magnifique couleur pourprée de que falam franceses e se estendia do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro. Na longa faixa a de melhor rendimento para o fim situava-se na Paraíba e em Pernambuco, geralmente na parte litorânea, se bem tenham sido vistos igualmente exemplares no interior.

A palavra brasil, proveniente de brasa, era comumente dada na Europa a qualquer madeira dispensadora de tinta vermelha. Também era designação de muitos sítios onde existiam árvores produtoras. Ilhas do mundo antigo eram assim conhecidas, como podemos ver no Isolario de Bordone, acerca de uma das componentes do arquipélago dos Açores. Descoberta a América Lusitana por Cabral, recebeu primeiro a designação de ilha de Santa Cruz, que foi perfilhada por Camões nos Lusíadas. Depois de melhor conhecida, não mais como ilha, mas parte de continente e verificada a grande quantidade de ibirapitanga nas suas matas ao alcance de navegantes europeus, recebeu o nome de Brasil, diretamente proveniente do seu maior produto.

A origem mercante, preferida à primeira designação de caráter espiritual, causou indignação e pesar a muitos bons portugueses, inclusive ao cronista-mor do reino João de Barros, que não encontrava termos bastante candentes para profligar a profanação. É preciso dizer, não provir por sinal a mudança do luso, mas do consenso de todo o mundo a respeito, voltadas as vistas do europeu para a terra onde havia a rubra madeira. O resultado foi aparecer pela primeira vez na Itália o nome

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