de vinda, havia já seis anos. O São Pedro deixou Goa no dia 20 de dezembro de 1698, com 208 pessoas a bordo, e depois de tempestuosa passagem em torno do Cabo, alcançou a Bahia no dia 23 de abril de 1699, levando viva exatamente a metade daquele número. A última etapa da viagem correu sem incidentes, e a nau da carreira das Índias lançou âncora no Tejo, no dia 24 de outubro do mesmo ano, com apenas mais uma baixa.
Logo no início de 1700 saiu ele para Mombaça como capitão de fragata da Nossa Senhora do Bom Sucesso, embarcação que veio a incendiar-se acidentalmente na Bahia, quando em caminho. Sem se deixar abater, guarneceu uma outra fragata, a Santa Escolástica, com o auxílio do governador-geral do Brasil, mas o barco foi a pique, com grande perda de vidas, no dia 27 de novembro de 1700, antes de ter saído da Bahia de Todos os Santos. João de Maia, que era excelente nadador, foi um dos 75 sobreviventes. Apesar da natureza estropiante de sua ferida persa, que lhe dava transtornos intermitentes e períodos de dor, Maia da Gama lutou nos primeiros anos da Guerra Espanhola de Sucessão. Seu feito mais espetacular foi a captura da pequena vila espanhola de Ferrera, quando saltou de seu cavalo por cima da muralha fortificada dos defensores e foi o primeiro dos atacantes a entrar no lugar, sob fogo pesado. Serviu também na esquadra portuguesa que combateu sob Sir John Leake, quando este último destruiu a frota francesa que bloqueava Gibraltar, na Baía de Algeciras, em março de 1705. Foi governador da Paraíba, de 1708 a 1717, e do Maranhão e Grão-Pará, de 1722 a 1728, conforme relata o texto. Depois de sua volta para Lisboa, continuou a apoiar os jesuítas daquela província contra as intrigas de seus inimigos na Corte. Mas sua ferida de bala, supurando sempre, permanecia incomodando-o e veio a ser a causa principal de sua morte súbita, no dia 11 de novembro de 1731. Foi casado com uma senhora de Azurara, próximo de Vila do Conde, com a qual teve um filho e quatro filhas. Descrevem-no como sendo alto e bem-feito, de pele trigueira, rosto estreito, olhos pretos, nariz grande e um pequeno sinal de bexiga no meio da testa. Um cronista de Lisboa, que raramente mencionava a nomeação de um fidalgo para um alto cargo sem acrescentar algum comentário depreciativo, observou, quando João da Maia da Gama foi nomeado governador da Paraíba, que se tratava de "homem muito honrado e muito benemérito". E essa era a pura verdade, conforme toda a sua vida mostrou.
ANTONIO RODRIGUES DA COSTA. Nascido em Setúbal, no dia 29 de dezembro de 1656, estudou no Colégio Jesuíta de Santo Antão, em Lisboa, onde se destacou particularmente em latim, trabalhando posteriormente como preceptor nessa língua junto de vários fidalgos da Corte. Foi também proficiente no grego, italiano, francês e espanhol clássicos, sua capacidade linguística proporcionando-lhe várias nomeações oficiais, inclusive a secretaria de duas missões diplomáticas separadas, para a Alemanha (1686) e para Áustria (1707). Nomeado Conselheiro Ultramarino em 1709, embora nunca tivesse tido experiência direta de qualquer das colônias portuguesas, como tinha