tido a maior parte de seus colegas, depressa tornou-se, e permaneceu, um dos mais acreditados e intuitivos conselheiros da Coroa no campo da política colonial. Foi membro fundador da Real Academia de História, em 1720, e tornou-se conselheiro privado em 1728. Através de sua longa vida mostrou tanto devotamento aos estudos quanto assiduidade no despacho dos assuntos oficiais, mas as exigências desses últimos impediram-no de publicar mais trabalhos além dos poucos (a maioria de natureza histórica) que chegou a publicar, em latim e em português. Era católico piedoso, mas não carola, e, sob certos aspectos, pode ser filiado ao número dos estrangeirados. Em sua correspondência particular com Manuel de Souza, diretor da Casa da Moeda do Rio de Janeiro, mais de uma vez criticou o "incrível vagar" com o qual a Coroa operava, e a tendência de Dom João V para esbanjar o ouro que recebia da América do Sul em "empregos inúteis", em vez de usá-lo em projetos construtivos, tais como o patrocínio da emigração de famílias legalmente constituídas para o Brasil. "Aqui só se procura que venha do Brazil muito ouro para Sua Magestade, e todo será pouco para se gastar inutilmente" - escreveu ele no dia 3 de fevereiro de 1720. Compreendia que as extorsões da Coroa, ou dos corruptos governadores coloniais que agiam em nome da Coroa, estavam fadadas a acender duradouro ressentimento entre os colonos, fossem eles de nascimento americano ou europeu. Sentia-se tristemente consciente da má administração e ineficiência nos altos cargos, que enodoavam ou frustravam tantos sólidos planos e tantos melhoramentos promissores. "Eu só direi" - escrevia ele na carta acima citada - "que nos colhemos o fruto conforme que semeamos e que não podemos queixar mais que de nos". Previa que a independência do Brasil era inevitável, com o correr do tempo, e parece ter tido ainda interesse maior pela Índia portuguesa do que pela América portuguesa. A notícia de recaptura de Mombaça, tomada aos árabes de Oman, em 1728, excitou-o a transportes de alegria quase histérica, e sua morte, no dia 20 de fevereiro de 1732, foi apressada pelo desgosto diante das notícias de que aquela praça-forte havia caído em mãos de seus sitiantes muçulmanos, depois de seis meses de cerco.
DOM LOURENÇO DE ALMEIDA. Filho do Conde de Avintes e irmão de Dom Tomaz de Almeida, bispo do Porto e Primeiro Patriarca da Lisboa. Teve, de início, a intenção de seguir a carreira eclesiástica, e estudou direito canônico na Universidade de Coimbra, durante vários anos. Mudou, porém, de ideia, e depois de se diplomar embarcou para a Índia como soldado, em 1697. Como ficou declarado nas notas (pág. 353), o Conde de Sabugosa alegou que Dom Lourenço tinha passado dezessete anos na Índia portuguesa, onde se casara e fizera fortuna negociando em diamantes. Isso, entretanto, não era inteiramente exato, pois as cartas-patentes de Dom Lourenço como governador de Pernambuco declaram, expressamente, que ele servira na Índia portuguesa "pelo espaço de seis anos, nove meses e dezesseis dias", de 1698-1704. O Marquês de Angeja, que, quando Conde de Vila Verde, tinha sido Vice-Rei em Goa, de 1693 a 1698, escreveu a respeito dele, em 1715: "Foi na Índia,