meu companheiro, sei, e conheço a sua grande prudencia". Serviu como fiscal ou contra-almirante na malograda expedição de socorro de Mombaça de 1698 e 1699, e em várias outras campanhas nos mares da Índia, antes de retornar à Europa, em 1704. Seus governos em Pernambuco, de 1715 a 1718, e em Minas Gerais, de 1721 a 1723, foram longamente recordados em ambas as capitanias, por causa de sua administração tolerante e suas maneiras pacíficas. Não se esqueceu dos interesses dos colonos, ao retornar a Portugal, sendo crítico severo do plano de taxas de capitação e de rendas de Alexandre de Gusmão, plano que denunciou como injustificavelmente opressor. Sua preocupação autêntica pelo bem-estar de seus governados não o impediu, contudo, de levar água ao seu moinho, embora seja difícil dizer se isso foi feito a expensas dos governados mais do que da Coroa. Por iniciativa dele a sede central do governo de Minas Gerais passou de Vila do Carmo para Vila Rica, que, já havia algum tempo, ultrapassara a outra em riqueza e importância. O quarto Conde de Ericeira anotou em seu diário que quando Dom Lourenço de Almeida finalmente regressou a Portugal, em abril de 1733, "não deu ao registro mais de oitenta mil cruzados, e hum criado seu tras hum diamante de 82 quilates e meio". O Conde declarou que Dom Lourenço, quando interrogado pelos amigos, desejosos de saber se ele trouxera do Brasil uma grande fortuna, "diz aos que lhe perguntarão que trouce muito cabedal, mas que he para comprar tudo, dar pouco, e emprestar nada". Morreu em Lisboa, no dia 17 de outubro de 1750, ultrapassados um tanto os setenta anos.
ANTONIL. Giovanni Antonio Andreoni, para lhe dar o nome verdadeiro, nasceu de pais italianos, na cidade toscana de Lucca, no dia 8 de fevereiro de 1649. Depois de estudar Direito Civil na Universidade de Perúgia durante três anos, foi recebido na Companhia de Jesus, em Roma, no mês de maio de 1667, e mais tarde cargos no magistério do Seminário Jesuíta. Padre Antônio Vieira, S. J., tomou-se de grande predileção por Andreoni, e persuadiu-o a acompanhá-lo ao Brasil, onde ficou pelo resto de sua vida. Além de rápida visita a Pernambuco e Rio de Janeiro, permaneceu na Bahia por mais de quarenta anos, sendo duas vezes reitor do colégio local, e Provincial da Província Brasileira da Companhia, de 1705 a 1709. Era um perfeito erudito em Latim, e sua Cultura e Opulência do Brasil por Suas Drogas e Minas, escrita em português excelente e terso, é geralmente reconhecido como o melhor livro sobre as condições econômicas e sociais do Brasil durante a primeira metade do século XVIII.
Embora intimamente associado com Vieira até a morte deste último, e incumbido da catalogação e conservação de seus manuscritos inéditos, Andreoni mantinha pontos de vista diferentes dos de seu mentor, no que se referia a vários problemas contemporâneos. Conforme faz sentir o Padre Serafim Leite, S. J., Vieira opunha-se à escravização dos ameríndios pelos colonos com toda a grande energia de que dispunha, enquanto Andreoni adotava atitude menos intransigente. Vieira não atacou os judeus e foi campeão