Academia. Dissertava Rafael Machado sobre a Novidade dos Descobrimentos Portugueses, como é que esta "novidade" se poderia compaginar com aquilo de Salomão de que "Nihil sub sole novum"; e, percorrendo diversas praias do Mundo, chegou também ao Brasil. Descreve a sua formosura e riqueza e a "felicidade do paraíso terrestre, que a doutíssima pena do Pe. Simão de Vasconcelos, antigamente habitador das paredes em que moro, em tratado particular, provou que estava no Brasil, e por desgraça não viu a luz do prelo". Fernandes Pinheiro achou "inexplicável semelhante equivocação" do orador, "porquanto as Notícias curiosas e necessárias das coisas do Brasil já haviam sido impressas em Lisboa no ano de 1668".(3) Nota do Autor
Tais são os termos do problema histórico-literário do Paraíso na América. Ver-se-á que a "equivocação" pertence ao anotador leigo. Nem admira, tratando-se de fatos da Companhia de Jesus.
Na verdade, a primeira impressão da Crônica de Simão de Vasconcelos, feita em 1663 (não em 1668), constava de 111 parágrafos; e os últimos sete (§§ 105-111) das Notícias Curiosas, com a pergunta e respectiva explanação, se o Paraíso não seria na América.
Já estavam impressos dez exemplares, quando, por interferência dalguns êmulos do autor, veio ordem para se riscarem do famoso livro aqueles parágrafos. Vasconcelos consultou alguns Mestres de Lisboa e outros das Universidades de Coimbra e Évora, e enviou para Roma os pareceres, unânimes todos, em declarar que não havia nada definido, em matéria de Fé, sobre o lugar do Paraíso terrestre, e que Vasconcelos não afirmava mas apenas lembrava a probabilidade de o Paraíso ser na América, isto é, no Brasil, probabilidades que deixava ao critério de quem o lesse. Assinam estes numerosos pareceres, os Doutores Antônio Pinheiro, João Gomes, Miguel Tinoco, Jorge da Costa, Inácio Mascarenhas, João de Sousa, Mateus