Uma comunidade amazônica: o estudo do homem nos trópicos

nas questões de administração e planejamento, da mesma maneira que minha crescente familiaridade com os problemas práticos contribuiu para aguçar meu interesse científico no Brasil. Em minhas viagens através de extensas regiões do interior brasileiro e na minha convivência com os habitantes de suas zonas rurais, adquiri consciência dos problemas agrícolas, tanto do ponto de vista do povo, como do ponto de vista dos planejadores e administradores da cidade.

Visitei, pela primeira vez, a pequena cidade de Itá, em 1942, durante uma viagem de estudos que antecedeu o planejamento do serviço de saúde pública do SESP no Vale Amazônico. Foi nessa lenta viagem de lancha, descendo o rio Amazonas, na companhia de meu jovem assistente e companheiro, Cleo Braga, que, pela primeira vez, tive consciência da riqueza da cultura amazônica e da necessidade de um estudo da vida do homem da Amazônia. À medida que visitávamos as aldeias e os postos de comércio do Baixo Amazonas e que conversávamos com pessoas de todas as classes sociais, cheguei à conclusão de que a exótica magnificência do panorama tropical havia desviado as atenções do homem do Vale Amazônico. As clássicas narrações de H. W. Bates, Alfred R. Wallace, do Tenente William Herndon, de Louis Agassiz e outros, que descrevem o grande vale, fazem referências surpreendentemente escassas ao homem e às questões humanas. E a aldeia de Itá pareceu-me ser o local ideal para um estudo desta natureza.

Depois de 1943, quando o SESP instalou um posto de saúde em Itá, pude acompanhar, de longe, os acontecimentos dessa aldeia, pela leitura dos relatórios de seus médicos; reuni também grande quantidade de dados sobre a comunidade. Voltei a Itá em 1945. Nessa

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