ocasião, acompanharam-me Eduardo Catete Pinheiro, um especialista em educação sanitária e filho daquela região, e Dalcidio Jurandir, conhecido romancista brasileiro que estava escrevendo os textos dos programas educativos que o SESP pretendia realizar no Vale Amazônico. Em sua primeira mocidade, Dalcidio vivera em Itá onde servira como secretário do Prefeito da localidade. Seu profundo conhecimento da vida da cidade e o grande círculo de amigos, a que me apresentou, tornaram-me possível aprender mais a respeito de Itá, em um mês, do que o teria conseguido em dois meses sem o seu auxílio. Catete Pinheiro e Dalcidio Jurandir, pela própria formação de suas vidas, muito me ensinaram sobre a Amazônia.
Este livro, entretanto, baseia-se sobretudo, em dados colhidos de junho a setembro de 1948, durante um estudo da Amazônia realizado pela Organização Cultural, Científica e Educacional das Nações Unidas, para o Instituto Internacional da Hiléa Amazônica. Durante esses meses de pesquisas e residência em Itá, contei com a colaboração de Eduardo e Clara Galvão e de minha esposa, Cecilia Roxo Wagley, que também me acompanhou a Itá em 1942. Nossa equipe de estudos alugou ali uma casa onde vivíamos e trabalhávamos. Fazíamos as refeições na casa de um comerciante do lugar. Visitávamos as pessoas em suas casas e elas nos retribuíam as visitas. Frequentávamos as festas e os bailes, tagarelávamos nas esquinas e nas lojas, percorríamos com os amigos os seus roçados e viajávamos de canoa para assistir a festejos rurais e visitar os postos de comércio onde os seringueiros ofereciam seus produtos. Participamos da vida de Itá tanto quanto é possível a um estranho fazê-lo. Não havia barreiras de linguagem, pois três componentes de nossa equipe de estudos eram brasileiros e, eu próprio,