Uma comunidade amazônica: o estudo do homem nos trópicos

e "queimada". Em 1939, menos de meio por cento de toda a área do estado do Pará era cultivada, segundo fui informado, e essa porcentagem é provavelmente um tanto ou quanto elevada para o Vale em geral. O transporte é efetuado por vagarosas embarcações fluviais que em sua maioria são movidas a carvão. Existem apenas uns 2.500 quilômetros de rodovias e cerca de 385 quilômetros de estradas de ferro em todo o Vale. A indústria é primitiva e quase inexistente. O comércio da região consiste basicamente em produtos florestais como borracha bruta, óleos vegetais, couros e madeiras tropicais. As instalações de utilidade pública, como esgotos, luz elétrica e água são insignificantes. Algumas pequenas cidades possuem luz elétrica e outras já mantiveram usinas elétricas que, entretanto, deixaram-se cair em desuso. Até bem recentemente só Belém e Manaus possuíam sistemas de águas e esgotos e, ainda assim, bastante antiquados. Em Belém, depois da segunda guerra mundial, os bondes deixaram de andar e a usina elétrica estava tão enfraquecida que a cidade era mergulhada na escuridão total várias vezes durante a noite. Diante dessas condições é fácil de se compreender porque não cresceu a população da região amazônica do Brasil no período de 1920 a 1940, quando no país todo seus habitantes aumentaram 36 por cento. A população brasileira só é estática na região árida do nordeste do Brasil, onde os padrões de vida são quase tão baixos quanto os da Amazônia.

A população esparsa, as péssimas condições sanitárias, os padrões de vida deploravelmente baixos e a ausência da indústria serão um indício de que o ambiente da Amazônia é um obstáculo insuperável ao desenvolvimento? Em outras palavras, o ambiente tropical, quente e úmido, imporá limitações ao desenvolvimento humano a ponto de tornar quase impossível

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