Uma comunidade amazônica: o estudo do homem nos trópicos

Da história da Amazônia emergem as razões de sua atual condição "de atraso". A sociedade, e a cultura contemporâneas de comunidades como a de Itá são o produto desse processo histórico. Desde o décimo sexto século a região amazônica tem sido uma área colonial, primeiro pertencente a Portugal e, a seguir, do próprio Brasil que, durante mais de três séculos, foi um produtor de matérias-primas para mercados distantes, sem uma justa compensação para esses produtos. No primeiro século de domínio europeu, pouco havia na região que atraísse colonos e colonizadores. Procuravam os portugueses riqueza rápida e não uma nova terra para construir seus lares. Os índios amazônicos eram relativamente pouco numerosos e, assim, a Amazônia não era uma fonte inesgotável de escravos como a África. As tradições culturais do índio amazônico eram perfeitamente adaptáveis ao ambiente tropical, mas do ponto de vista técnico sua cultura era tão primitiva que pouco tinha a oferecer aos recém-chegados além de como sobreviver na nova terra. Alguns produtos nativos, como madeira de lei, canela, chocolate, urucu e borracha, interessavam aos mercados europeus e, assim, formou-se uma economia extrativa que subsiste ainda hoje. Os nativos foram transformados em seringueiros escravos e, como em toda sociedade escrava, trabalho braçal tornou-se símbolo de baixa posição social. E surgiu uma aristocracia escravocrata, composta de europeus recém-chegados e seus descendentes.

Com a extinção da escravatura, e como a região se tornasse extraordinariamente próspera em consequência de seu monopólio da borracha bruta, as dívidas financeiras substituíram a escravatura legal. Desenvolveu-se um sistema comercial baseado no crédito e o sistema de classes colonial sofreu uma nova interpretação fundada em distinções determinadas pela riqueza

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