Uma comunidade amazônica: o estudo do homem nos trópicos

das áreas coloniais do mundo. Nunca, em sua história, teve acesso ao que de melhor oferece a técnica ocidental. Nunca pôde o homem da Amazônia utilizar-se dos conhecimentos e técnicas de que dispõem as regiões mais adiantadas para exploração e controle do mundo físico. A falta de equipamento técnico, a predominância de uma economia extrativa, um rígido sistema de classes e outros fatores sociais e culturais combinaram-se para manter a Amazônia no estado de atraso em que se encontra. Esses fatores sempre constituíram barreiras mais sérias à transformação do Vale do que condições de clima, solo ou as chamadas doenças tropicais.

Existem barreiras erguidas pelo homem, e não barreiras intransponíveis, que podem tornar impossível o desenvolvimento do Vale Amazônico.

Desde 1940 vem o Brasil revelando novo interesse pela Amazônia. Em sua famosa "mensagem do Amazonas" disse àquele ano o presidente Vargas: "Nada nos impedirá de realizar, neste supremo esforço que representa o vigésimo século, a mais importante tarefa do homem civilizado: a conquista e o domínio de grandes vales de torrentes equatoriais, transformando sua força cega e extraordinária fertilidade em energia disciplinada. A Amazônia, com o impulso fecundo de nossa vontade, de nosso esforço e de nosso trabalho, não permanecerá um simples capítulo na história do universo, mas, na mesma base de outros grandes sistemas fluviais, tornar-se-á um capítulo na história da civilização". De certo modo, a declaração de Vargas era precursora do "Ponto Quatro" de Truman e do programa de assistência técnica das Nações Unidas. Conquanto limitasse seu objetivo ao desenvolvimento interno de seu próprio país, o presidente Vargas prometeu toda a escala de habilitações e conhecimentos

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