Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume I

Justitiae (que citamos porque se perderam os comunicados dos informantes de Carlos V e monarcas sucessores), "De 400 negros encerrados no fundo de um porão, 130 sufocaram numa noite pela irrespiravel atmosfera, e no fim da viagem só restavam 30".

Uma das maiores causas de morticínio viria das pequenas proporções dos barcos negreiros. A configuração das costas africanas, com falta de bons ancoradouros; quase sempre situados na embocadura irregular de rios com pouco fundo, obrigavam os traficantes ao emprego do menor calado possível. Por esta razão foram expedidos decretos regularizando as formas de carregamento, os quais se tornaram inúteis, pela cega e insaciável ganância dos interessados. A carga era comprimida ao máximo entre as paredes do navio, transformada em caldo de cultura de bactérias, numa total ausência de asseio, encontrando os germens terreno fértil para se alastrarem nos corpos depauperados pelas privações. Ao atulhamento vinha juntar-se outra involuntária atrocidade – a escassez de víveres. Barbot e outros enumeram as modalidades dos gêneros distribuídos aos negros, com maior ou menor abundância e valor nutritivo, segundo a bandeira sob a qual viajavam. A longa travessia, no entanto, opunha-se a que fossem regularmente alimentados, submetidos como estavam aos caprichos meteorológicos. O navio que ficasse retido entre céu e água pelas calmarias africanas, ou qualquer outro acidente, via-se ante as piores consequências.

Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume I  - Página 322 - Thumb Visualização
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