Demorava normalmente a viagem de galeão seiscentista, de Angola a Pernambuco, uns 40 dias mais ou menos. No caso de sobrevir algum imprevisto modificando o cálculo dos navegantes, podia acontecer o fato descrito por autores antigos, de irem ter à costa embarcações desarvoradas em cujo bojo só havia mortos.
Era custoso armazenar mantimentos em tão pequeno espaço para tanta gente. Maior ainda era o problema de evitar a agravação de males latentes. Falamos há pouco no caldo de cultura formado pelo barco negreiro, eis o que nos diz a propósito Fr. Dionígio Carlo da Piacenza, quando de volta do Congo viajou num galeão cheio de escravos: "...e stavano si stretti, che se volevano dormire, si riposavano uno sopra l'altro; per le necessitá corporali havevano ben si accomodati alcuni luoghi, má molti per non perdere il posto le facevano ove si trovavano; e massime tutti gli Huomini, che per esser serrati le facevano ove stavano; onde per il gran caldo del Clima, e fiato di tanta Gente il fettore, e puzza era insoportabile"(112) Nota do Autor.
Os eflúvios da enorme cloaca penetravam nos mais recônditos desvãos do cemitério flutuante. Nem era preciso que morressem os cativos e se corrompessem os cadáveres (como às vezes acontecia)