Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume I

Precisaram, na conjuntura, organizar o seu tráfico, desprovidos, todavia, da proficiência que no mesmo possuíam os portugueses. Acerca dessa superioridade, comunicava Morthamer, agente da Companhia das Índias Ocidentais (empresária da conquista da Bahia e Pernambuco) num descoroçoado relatório: "Os portugueses, são muito melhores mercadores de escravos que nós. Acomodam facilmente numa pequena caravela 500 negros, ao passo que os nossos grandes navios podem apenas transportar de cada vez 300. Pelo asseio de bordo, boa alimentação, e agasalhos dispensados aos negros, conseguem os portugueses mortalidade muito menor a bordo de seus navios. Além disto, preparam os cativos ainda na África à existência de escravo em o Novo Mundo para que não sintam tanto a perda da, liberdade". Pelo que diz, mais uma vez se comprova, que mesmo na pior abjeção ainda há graduações. Aos olhos dos concorrentes, adquiria a técnica lusa foros de asseada e confortável, para a multidão com que mercadejava. Justiça lhe seja feita...

O lucrativo comércio hesitou em todos os tempos a cobiça alheia. Não eram só holandeses os que tinham olhos voltados para comboios portugueses. Um contemporâneo de Morthamer, a quem muito recorremos neste trabalho, maravilhava-se de que tão valiosa carga pudesse transitar quase desprotegida. Mostravam com isso os rapazes de Caiena, onde Labat se demorou, menos energia que as

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