Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume I

O europeu ainda que proletário, ao cabo de algum tempo de permanência na América, desaprendia o trabalho manual, ou pelo menos, de tanto conviver com escravos, tomava hábitos de madraço mandonismo. Desempenhava bem ou mal o papel de dominador, regente da massa servil, onde avultava o negro – a alma da lavoura – que não podemos considerar povoador. Importavam-se homens africanos em quantidade muito maior que mulheres, frequentemente minguados por epidemias, quando não caíam exangues pelo trabalho. O africano na sociedade colonial em que vivia, não passava de semovente que era preciso renovar sem interrupção, sob pena de desaparecimento.

Dos males que vêm para bem, nenhum é mais real e positivo que a entrada das tropas francesas no velho reino. A mudança da corte bragantina para o Brasil, inaugurou na colônia era de progresso desconhecido. Encontraram-na príncipe, rainha louca, ministros e o resto, apenas povoada. Calculava Balbi, no começo do século 19, os seus habitantes em 3.600.000, dos quais 800 mil brancos. Porém o autor da estatística, provavelmente mal informado no reino, não os viu nem contou. Além das poucas famílias tradicionais, resguardadas pela vaidade na alvura da cor, grande parte dos outros incluídos na categoria, eram brancarrões bastante suspeitos, levando em conta a indulgência de se considerar branco nos meios coloniais a qualquer

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