Pernambuco e as capitanias do Norte (1530-1630) – Volume I

A INSTITUIÇÃO DAS CAPITANIAS

Costumavam narrar em Portugal, nas longas noitadas de inverno propícias a divagações, a lenda de que em 1500 certo astrólogo, "levantara uma figura e achara que a terra descoberta havia de ser uma opulenta província, refúgio e abrigo da gente portuguesa". É possível que a anedota, alastrada depois de El Csar el Quebir, tivesse algum fundamento pelo uso que o rei afortunado fazia de magos e adivinhos. O feliz encontro do Brasil era de bom agouro, "Rien de grand ne se fait sans le hasard", disse Montaigne, e o soberano havia de atribuí-lo às influências astrais que procurava. Mas não pararam aí as fantasias populares. Um velho códice da Torre do Tombo contém outra, relativa ao reinado imediato, em que D. João III pergunta a Martim Afonso de Sousa, "...q vos parece Martim Afonso? passemonos para o Brasil?" respondendo o cabo de guerra, "entre sizo e galantaria", "Por certo Sõr, que doudisse era ella, que pudera fazer hu Rey sezudo, e não viver dependente da vontade de seus vizinhos podendo ser monarcha de outro maior mundo".

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