Embora coagido por contingências superiores à sua vontade, lembrava-se D. João III de que acima da conquista e tráfico, pairava a crença dos seus antepassados e do seu povo. Era além de rei, grão-mestre da Ordem de Cristo, continuadora em Portugal dos cavaleiros do Templo, soberano responsável pela difusão do cristianismo entre os bárbaros do novo mundo: "Considerando quanto serviço de Deus... ser a minha terra e costa do Brasil mais povoada do que até agora foi, assim para nella haver de celebrar o culto e officios divinos, e se exaltar a nossa santa fé catholica, com trazer e provocar a ella os naturaes da dita terra infieis e idolatras..."(12) Nota do Autor.
O regime na América fora detidamente estudado pelos conselheiros del-rei. Continham os forais acervo de experiência da coroa quando presenteava, e procurava beneficiar-se pela mesma medida. Nos privilégios outorgados, havia a condição de que teriam as capitanias, de dez em dez léguas de frente para o mar, um nastro de doze quilômetros no mínimo de largura, pertencente ao patrimônio real, do mesmo gênero dos reguengos da metrópole. As doações não formariam, portanto, um todo maciço, porém sucessão de faixas que iam da costa até à incerta linha convencionada em Tordesilhas.