sobrehumana energia para conter os soldados, reuni-los e retirar-se em ordem, mantendo a defesa dos retirantes.
Foi sabendo disso que Canabarro não quis dar combate aos assaltantes que sabia estarem ferreamente disciplinados, guardando-se, aliás com prudência excessiva, para um golpe definitivo, certeiro, infalível.
Aventurar seria perigoso, pois em caso de serem vencidos os brasileiros, mais força teriam os paraguaios disciplinados e fanatizados como estavam, para prosseguir na rota preestabelecida, segundo declarações deles mesmos, de avançar uma parte do Exército até Porto Alegre e a outra até Montevidéu. E se em qualquer combate conseguissem vencer nossa força, desmoralizariam toda a tropa e conseguiriam, talvez, seu intento ou, pelo menos, avançariam muito Rio Grande a dentro.
Invadido S. Borja, e procurando sempre avançar, fazendo, mesmo, a tentativa de Butuí em que foram derrotados, continuaram, contudo, sua marcha de conquista chegando a Itaqui e Uruguaiana onde, por um erro de tática, se concentraram perdendo, pela atividade do então major Floriano Peixoto, o contato com o grosso de suas forças em Corrientes. Floriano organizara uma esquadrilha no Uruguai que, vigilante, evitou o contato que, caso contrário, nos seria fatal.
Presos assim, estabeleceu-se o cerco de Uruguaiana que, finalmente, se rendeu a 18 de setembro, livrando o Rio Grande do Sul do jugo paraguaio.
O soldado rio-grandense, como dissemos, era, naqueles tempos, indisciplinado em grande parte porque, desde o início se criara por si, soldado por obrigação, sem outra orientação a não ser a de sua própria defesa, defesa de seus bens e de sua terra natal, capaz, por isso, de todos os sacrifícios, mas, sempre, com o pensamento na liberdade. Não se sujeitava a duros jugos disciplinares, motivo pelo qual, a fim de evitar fugas e deserções, eram os comandantes obrigados a dar-lhe, de quando em quando, licença ou, então, dispensa por determinado tempo. Então, voltava sempre e sempre mais disposto para a