Uma ou outra expedição era enviada, ora por terra, ora por mar, para tomar posse do recanto ambicionado, no sul. A expedição conquistadora deixava ali, em seguida ao ato possessório, meia dúzia de colonos para o garantirem. E muitas vezes esses pobres homens nem sequer tinham conhecimento do manejo das armas. Contudo, tornavam-se, com o correr dos dias, soldados aguerridos por instinto de defesa e, não raro, também por patriotismo.
Assim nasceram os heróis e assim surgiram os caudilhos em toda América, exceto no Brasil que nunca teve caudilho propriamente dito. Mas teve, e muitos senhores feudais, estancieiros e sesmeiros, que, obrigados pelas incursões quer de índios bravios, quer de ousados conquistadores e caudilhos espanhóis, de simples civis tornavam-se generais, como Pinto Bandeira, por exemplo.
Senhores de estância, exerciam grande influência moral sobre os inferiores, escravos e peões. Estes iam para onde os levasse, ou para onde os mandasse o chefe, o 'meu sinhô'.
Raro, porém, dominavam pelo terror. Na maior parte das vezes era o exemplo, a abnegação e a coragem que cativavam os comandados. E não raro, no campo das lutas, senhores, escravos e peões nivelavam-se. Tratavam-se quase como de iguais para iguais.
O estancieiro, à sua custa, vestia, armava e municiava seus homens sempre que tal se tornasse necessário. E deles não exigia senão que lhe seguissem o exemplo de coragem e de civismo. Soldados bem poucos eram na realidade. E a tática militar era, quase sempre, substituída pela prática, pelo amor à Pátria e pelo instinto natural de defesa".
Assim, como se vê, criados numa vida livre e cheia de precalços, formados num ambiente heterogêneo, os gaúchos traziam do berço, na convivência paterna, o sentimento de liberdade e insujeição.
Mas eram patriotas. Tudo faziam e tudo davam pela Pátria, pelo "pago".
Na Revolução de 1835/45, Revolução a que voluntariamente se filiaram os rio-grandenses gaúchos, era comum lutarem,