Brancos e pretos na Bahia. Estudo de contato racial

O Brasil já era, aliás, considerado entre os scholars americanos, de longa data, um verdadeiro "laboratório de civilização", um palco onde se desenrolavam os mais interessantes atos humanos, neste capítulo, dos mais dignos de atenção para sociólogos e antropólogos, das relações de raça e de cultura. Por seu lado, os estudiosos brasileiros viviam escrevendo sobre a inexistência, entre nós, de preconceitos de raça, julgando assim o Brasil o país ideal neste plano da coexistência harmônica de povos e raças de vários matizes étnicos.

Mas cumpria observar o fenômeno e registrá-lo com os métodos objetivos da moderna sociologia. Além disso, seria interessante ver o que um scholar estrangeiro concluiria com o seu método em ação, sem aquele scotoma que muitas vezes prejudica o observador da sua própria cultura. Daí o duplo interesse das pesquisas de Donald Pierson, jovem sociólogo que vinha formado dentro da rígida disciplina metodológica da sua Universidade, onde recebeu os ensinamentos do grande Park.

Pude acompanhar este método em ação nas mãos de Pierson. E comigo, pode atestar a sua enorme capacidade de observação e trabalho, toda essa série de amigos brasileiros, cujos nomes ele cita no prefácio da edição americana do seu livro.

Verão os leitores do Negroes in Brazil, que Pierson não só registrou as suas observações na fase de residência na Bahia, utilizando-se dos seus métodos, que são os métodos de observação e experiência recomendados na moderna pesquisa sociológica, como se socorreu também da bibliografia brasileira que pôde coligir. Comparou e controlou sua experiência com a experiência dos autores brasileiros que escreveram, sob vários pontos de vista, sobre o negro e a história social do Brasil. E isso é algo novo nas pesquisas de um autor estrangeiro sobre o

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