Brasil, esse reconhecimento do trabalho já realizado por outros investigadores do país.
É verdade que, desta vez, o plano de trabalho de Pierson era inteiramente novo entre nós. Embora muita coisa estivesse escrita sobre relações de raça, o assunto foi mais estudado no plano da história social do que no da pesquisa regional, num dado tipo de sociedade e na época atual. De outro lado, o ponto de vista agora abordado era inteiramente diverso dos objetivos propriamente antropológicos dessa já hoje extensa fileira de nomes, que vêm desde Nina Rodrigues.
O que os estudiosos deste último grupo tiveram em vista foi, principalmente, o estudo dos africanismos aqui sobreviventes, para a tentativa de compreensão da personalidade cultural do Homem Negro no Brasil, e Pierson reconhece como a sua obra é grande e generosa. Se ele agora estuda também os africanismos, é mais como ponto de referência para a avaliação de quanto o fenômeno pode influir nas relações de raças.
Podemos, pois, afirmar que a obra de Pierson é a primeira tentativa científica que surge no Brasil, do estudo sistematizado e objetivo das relações de raça.
Não quero antecipar aos leitores brasileiros o prazer das conclusões a que chegou o sociólogo norte-americano. Mas cumpre de logo registrar que, utilizando-se dos seus métodos objetivos de estudo das relações humanas, Pierson chega às mesmas conclusões que estavam admitidas, vamos dizer, tradicionalmente.
Os vinte e cinco itens das suas conclusões no capítulo "Brancos e Pretos na Bahia", resumem a longa observação realizada. A grande mobilidade da sociedade brasileira atesta, desde os primeiros tempos da chegada dos portugueses, uma mistura racial, que se processou em larga escala, através da miscigenação e do intercasamento.