Brancos e pretos na Bahia. Estudo de contato racial

que, no trabalho do cientista, a ausência de elogios e de amabilidades não significa nem desprezo, nem falta de cortesia. Significa somente que o cientista, pela natureza da sua tarefa, não pode aplaudir nem condenar, não pode aprovar, nem censurar; ele apenas descreve, analisa e tenta explicar.

Assim, neste livro, limitei-me simplesmente a relatar o que eu mesmo observei na Bahia, ou aprendi das observações de outras pessoas, empregando apenas termos descritivos ou analíticos e não termos apreciativos ou normativos, termos estes que, como é compreensível, estão de acordo com a própria natureza do trabalho dos políticos, moralistas e literatos, mas não se coadunam com a natureza do trabalho científico.

Isto não significa, porém, que, pessoalmente, eu não tenha ficado bem impressionado e mesmo encantado com a hospitalidade do povo baiano; povo constituído em sua maior parte por pessoas atenciosas, que põem muito calor emocional em suas relações pessoais, despertando por isso sólidas amizades; povo cuja sociedade está embebida dos sentimentos que dão sabor e satisfação à vida a tal ponto que - usando a expressão de Sapir - poder-se-ia chamá-la "uma taça cheia".(2) Nota do Autor Também isto não quer dizer que eu seja insensível ao que Afrânio Coutinho denomina "humanismo social", ao considerar as relações raciais que a Bahia e outras partes do Brasil podem oferecer como exemplos a um mundo cada vez mais dilacerado pelo conflito, desconfiança e ódio entre raças e entre nacionalidades; situação, esta, cada vez mais aguda numa época em que o rápido desenvolvimento dos meios de comunicação vem concorrendo para o "encolhimento"

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