Brancos e pretos na Bahia. Estudo de contato racial

deste homem à África e às formas culturais africanas tornava-o altamente sensível às atitudes de superioridade por parte dos descendentes de europeus do lugar e, ao mesmo tempo, comunicativo com um "estranho sociológico",(6) Nota do Autor convencendo-se da sinceridade de meus propósitos, apesar das suspeitas iniciais. Ele ajudou-me bastante, como também ajudara, havia anos, Nina Rodrigues. Escolhi também uma mãe de santo (ou sacerdotisa do candomblé) de aparência majestosa, que nesse tempo era provavelmente a mais capaz e mais respeitada chefe de candomblé na Bahia. Do mesmo modo conheci outros indivíduos e famílias de origem europeia ou africana, que se identificavam como as classes "superiores". De todas estas fontes, colhi dados de entrevista, e de comunicações espontâneas (spontaneous utterance material). Tentei obter, assim, uma compreensão da verdadeira estrutura social da Bahia, especialmente da parte relativa à raça.

Tive a sorte de ser feito ogan num dos centros do culto afro-brasileiro, tornando-me "ajudante espiritual" do sacerdote, e "pai espiritual" das filhas de santo, com direito de admissão ao pegi (santuário) e de participar dos mistérios do culto.

Participei de outras cerimônias da comunidade baiana inclusive rituais de candomblé, em catorze outros centros; de sacrifícios cerimoniais feitos à mãe d'água; de cerimônias espíritas; de missas e procissões católicas, festas "populares" como as das "Vésperas de Reis", "Conceição da Praia", "Bom Jesus dos Navegantes",

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