De considerável auxílio para se compreender a "situação racial" na Bahia, são: O Mulato, romance de Aluizio de Azevedo, que retrata a luta de um mulato pelo reconhecimento social, no Maranhão, há cerca de cinquenta anos; Suor, de Jorge Amado, que reflete certos aspectos da vida do negro da classe "baixa", na área do Pelourinho, do Salvador, bem como seu Mar Morto; O Feiticeiro, de Xavier Marques, que nos dá uma visão do mundo afro-brasileiro da Bahia; e o "Ciclo de Açúcar", de José Lins do Rego, que embora procure interpretar certos aspectos da vida do negro da classe "baixa", em Pernambuco, é de considerável significação também para a Bahia. Examinei ainda todos os trabalhos sobre o Brasil que pude encontrar, de outros brasileiros e de estrangeiros - historiadores, cientistas e viajantes - em português e em francês, inglês, holandês e alemão, à procura de fatos e análises pertinentes à "situação racial" da Bahia.
Para esclarecimento de pontos obscuros, suscitados na leitura e no "trabalho de campo", mantive correspondência com intelectuais brasileiros interessados no assunto, particularmente com Gilberto Freyre, Arthur Ramos, Oliveira Vianna, Affonso de E. Taunay, J. F. de Almeida Prado. Mais ainda, troquei observações e reflexões com pessoas - relativamente poucas naquele tempo - que na Bahia se interessavam pelos problemas de raça e do negro.
A séria dificuldade de estabelecer contatos pessoais foi satisfatoriamente vencida. Pouco se pode conseguir como investigador impessoal. É preciso avançar na base do contato pessoal, de um amigo para um amigo deste, e assim por diante, ou não se progride, cientificamente falando, quase nada. Fui apresentado a alguns baianos de prestígio por cartas de amigos do Rio, especialmente de baianos residentes na capital da República. A