A Bahia e as capitanias do centro do Brasil (1530-1626). História da formação da sociedade brasileira. Tomo 2º

por parte dos perseguidos, e afagos e sacrifícios. Continuava porém a menosprezá-los, dizendo com soberba que fora mestre de Inácio de Loiola e Simão Rodrigues, em termos nivelando-os com o gentio protegido pelos missionários da Companhia de Jesus. Era um dos pontos em que mais divergiam, votando D. Pero aos índios o mais completo desprezo, assim como maltratava os cônegos e outros elementos do clero secular. Na sua crescente irrascibilidade chegava não raro às vias de fato, lançando mão do porrete com pulso e desenvoltura iguais aos dos desordeiros, que punham as feiras do reino em polvorosa, partindo a cabeça dos desafetos quando não os mandava para a cadeia dos degredados e desorelhados.

Tão repetidos incidentes fizeram com que Nóbrega se retirasse para S. Vicente, cada vez mais interessado pela região sul, ao tempo que mais se adensavam as dificuldades à sua atividade em outras partes da colônia. Na sua ausência azedaram-se os ânimos, assumindo os despautérios do Bispo caráter de calamidade enviada pelo céu à Bahia para purgar os pecados dos seus habitantes. Não havia remédio senão intervir D. Duarte como mantenedor da ordem, que certo dia convocou o Padre Luis da Grã e homens principais do Salvador, a fim de incorporados procurarem D. Pero Fernandes para lhe lembrar a voz da razão. Nas confabulações preliminares entre os que deviam tratar com o genioso Bispo, aventaram os jesuítas, à vista do incompreensível do seu procedimento, anteriormente correto e agora censurável, que proviesse do mau passadio no Brasil, e que se lhe arranjassem comendas e mercês talvez abrandasse de gênio. Nesse propósito seguiram em grupo, mas logo se desvaneceu a ilusão no correr da visita, em que o prelado, mais áspero que nunca, conservou-se

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