A Bahia e as capitanias do centro do Brasil (1530-1626). História da formação da sociedade brasileira. Tomo 2º

escolhido para o lugar do Cônego, e que ia agora fazer jus à sua nomeação. Antes de vir ao Brasil fora espadachim na Itália - escrevia D. Duarte a El-Rei - constando ter assassinado um homem em Santarém. Este novo Cônego, de parceria com o degredado Pero Vaz da Torre, atraiu à sua casa Silvestre Rodrigues, presumido autor das murmurações contra D. Pero Fernandes, e tanta pancada lhe deram que o coitado ficou por morto. Acudiu a multidão em que estava D. Álvaro, encontrando a vítima desacordada, a deitar sangue pela boca e o agressor a vangloriar-se de que desagravara D. Pero Fernandes. Indignados, resolveram os presentes encarcerá-lo, apesar de eclesiástico, que só podia ser preso por ordem do Bispo. Efetivamente, no dia imediato apareceu o Padre Luis da Grã na modesta residência do Governador, e o preveniu que incorrera na pena de excomunhão por ter consentido que levassem Fernão Pires à cadeia. Não teve remédio D. Duarte senão mandar soltar o capanga, e tratar de coligir provas de que a medida fora posta em prática, somente por causa do adiantado da hora, alcançando afinal com a interferência dos jesuítas, ser absolvido, assim como D. Álvaro e as demais pessoas que tinham ajudado a efetivar a prisão.

O incidente mostra costumes e mentalidade reinantes em Portugal no século XVI, e os seus reflexos no Brasil, onde num meio primitivo adquiriam curiosas particularidades. Continuando a examinar o caso, encontramos outros aspectos e variantes no curso daqueles sucessos, do maior interesse na história da formação da sociedade colonial, em que brancos se desavinham no auge da paixão ante mamelucos, índios e escravos multicores. Consentido o levantamento da pena máxima expedida contra o Governador,

A Bahia e as capitanias do centro do Brasil (1530-1626). História da formação da sociedade brasileira.  Tomo 2º  - Página 22 - Thumb Visualização
Formato
Texto
Marcadores da Obra