A Bahia e as capitanias do centro do Brasil (1530-1626). História da formação da sociedade brasileira. Tomo 2º

não renunciava, entretanto, o Bispo à vingança. Cedera num ponto insustentável, como lho tinham demonstrado os hábeis advogados de D. Duarte, mas persistia em tirar devassa dos acontecimentos para ulterior punição dos culpados, que seria de modo inapelável. Chamando testemunhas a depor em sua casa, perguntava-lhes se D. Álvaro "dormia com alguas molheres", o que provocou protestos de D. Duarte. Também exercia pressão sobre a vítima, mal refeita da sova, para que confessasse ter chamado de bêbado ao prelado por ordem de D. Álvaro, e como ele recusasse, foi novamente preso sob acusação de herege, até repetir ante D. Pero tudo que lhe ditaram. Na mesma ocasião, aproveitou o Bispo os termos da excomunhão que atirou sobre os fiadores do Capitão Cabral, para desancar os Costas pai e filho, assim como persuadiu ao físico Jorge da Costa, que escrevesse a El-Rei contra D. Álvaro e o seu primo Fernão Vaz da Costa. Nessa denúncia, teriam os acusados nada menos que arremessado uma pedra de mais de 27 arráteis, sobre o telhado de uma casa onde ele dormia, e que só por milagre não o matara.

A acusação era absurda, sem efeito na Bahia onde Fernão estava desde 1550, sempre distinguido pela confiança de Tomé de Sousa, e a seguir pela do seu parente, em todos os cargos que ocupara. Mas sem se deter no insucesso da tentativa, praticou D. Pero outra manifestação de má índole, com grande impiedade contra o infeliz donatário do Espírito Santo. Escrevia D. Duarte a El-Rei em maio de 1555, que Vasco Fernandes Coutinho "chegou aqui velho, pobre e cansado, bem injuriado do Bispo, porque em Pernambuco lhe tolheu cadeira despaldar na Igreja e apregoou por excomungado de mistura com homens baixos por beber fumo segundo mo ele disse, eu o

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