O Marquês de Olinda e seu tempo (1793-1870)

burocracia absorvente, monopolizadora, tentaculizante. Nada de regulamentação agrícola, industrial, econômica.

Depressa o Brasil ficou erudito, palavroso, parlamentar, astrônomo, viajante, lendo em francês e inglês, discutindo, sugerindo, insinuando e jamais fazendo, plantando, realizando. Ficamos depressa vivendo vida da Europa e sem a Idade dela. Ficamos na Europa e estávamos enquistados, distanciados, ignorados pelos nossos vizinhos. Inda atravessavam esses os diversos períodos de formação nacional onde o espírito revolvido e incendiado imitava a convulsão ígnea dos períodos plutônicos e nós já estadeávamos em pleno parlamentarismo.

O brasileiro não era nada daquilo que se discutia e citava nas Câmaras. Ele era um povo de iaiás e ioiôs, com azeite de dendê e samba, sensual e cupido, bailaricando lundus, dando facadas, raptando moças, fazendo vida feudal nos engenhos ornamentais onde seu orgulho gritava no mar montante dos canaviais, morros de café, e manadas mugidoras que se detinham no momento de parar o rodeio. O brasileiro era o barão eleitoral, o vaqueiro, o filho-família que casava com a prima, as mucamas, o moleque de recado, o comerciante português, a imprensa com direitos e sem deveres, o exército abstrato na contemplação do Paraguai e sem esperanças

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