Doenças Africanas no Brasil

Assim, ele afirma, no seu citado trabalho sobre o "Maculo, a Bouba e a Dracontíase", não haver prova alguma, nem na tradição, nem na história, da existência do Bicho da Costa no Brasil, antes da importação dos negros da África.

Corroborando este seu modo acertado de pensar, Silva Lima assevera que "a principal causa da raridade atual da dracunculose no Brasil é a extinção do comércio, outrora com visos de certeza permitido ou tolerado, de africanos, pois que, aqui, como em toda a parte da América onde eles aportavam, reproduziu-se o mesmo fato".

Nas intransigências pelos seus pontos de vista, este eminente médico bahiano não deixou de fazer algumas restrições: — a doença veio da África; diminuiu bastante com a cessação do tráfico dos negros, portadores seguros do hóspede importuno. Mas, como explicar a existência de um pequenino foco do mal na Feira de Sant'Anna, famigerada cidade do interior da Bahia?

E, então, sem mais nem menos, diante deste fato real, inconcusso, ele atira-nos, de frente, esta pergunta desconcertante à primeira vista: — teria, em remotas eras, em alguns lugares do Brasil, o Dracúnculo uma existência autóctone, aumentando-se, depois, a sua difusão pelo país com os grandes reforços ou contingentes trazidos pelos escravos?