D. Pedro II e o Conde de Gobineau (correspondências inéditas)

o reanimar; mas a verdade é que, ainda assim, os tempos atuais não se adaptam a este gênero de atividade, em nosso país pelo menos. Que este fogo se reanime e se intensifique um dia, eu o quero crer para não desesperar de um bem certamente necessário para uma nação; mas, em suma, a verdade é que a chama não se percebe; o que há são as cinzas e não se vê brilhar grande cousa sob estas cinzas. Noto até que ponto os homens que fizeram da cultura do espírito um mister especial, e que deste modo chegaram a persuadir a toda a nação que para escrever era preciso ter alguma patente como para ser negociante, médico ou engenheiro, esquivam-se eles mesmos ao alvo que tiveram a pretensão de guardar para si sós e procuram tornar-se hoje em dia homens políticos e gente de negócios. Temos disso um triste exemplo na pessoa do infeliz Sr. Prévost-Paradol(4) Nota do Autor que se suicidou por aperceber-se, assim me dizem, um pouco tarde, que o movimento liberal que ele pensara poder invocar como para justificar a sua adesão a um partido até então sempre por ele combatido, não era o liberalismo como ele havia compreendido. São destas loucuras que eu não estou preparado a compreender nem a desculpar. Espero que a grande crise atual não seja muito longa e que saia daí algum bem.

Como não quero que ignore, Senhor, o pouco que chega ao meu conhecimento, sei de uma bela publicação feita na Alemanha, por Flugel, o editor do Corão. Ele imprime neste momento a espécie de enciclopédia árabe de Ennedyn, intitulada: Thrist-al Ouloum, o catálogo das Ciências. Infelizmente, com uma ideia bastante pedante, frequente do outro lado do Reno; ele dá o texto, notas, comentários e nada de tradução, de maneira que o proveito será escasso.

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