D. Pedro II e o Conde de Gobineau (correspondências inéditas)

Gobineau a D. Pedro II

Castelo de Trye (Oise) perto de Beauvais.

7 de janeiro de 1871.

Majestade,

Permita-me Vossa Majestade que eu comece esta carta exprimindo os votos os mais sinceros e os mais ardentes para a felicidade do Imperador e da Imperatriz assim como de Suas Altezas Imperiais. O ano que acabou foi bom para o Brasil e um grande sucesso militar, o fim de uma guerra deplorável, contribuíram singularmente para o esplendor do reinado de Vossa Majestade.(1) Nota do Autor Desejo de toda minha alma que os meses do presente ano não sejam menos fecundos em felizes acontecimentos. Ouso acrescentar que se um príncipe merece, em nossos dias, glória e triunfos, é certamente Aquele que... não me deixaria dizer neste ponto meu pensamento.

Quanto a nós, Senhor, somos decididamente infelizes e em toda a profundeza do infortúnio. O país e a gente estão igualmente afetados. Na parte da França que se acha ocupada pelos exércitos alemães, a passagem das tropas, os alojamentos militares, as requisições, o resultado frequente de conflitos armados criaram uma situação que Vossa Majestade pode facilmente imaginar. Onde o governo de Bordeaux exerce sua ação, passa-se quase a mesma cousa, mas em proveito das tropas francesas; receia-se a aparição dos alemães e faz-se além disso o recrutamento geral que deixa milhares de famílias sem pais, sem irmãos, sem amparo e numa miséria indescritível. Vossa Majestade viu que não quiseram reunir uma Constituinte, nem uma assembleia

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