resistir por muito tempo. Afinal, parece calcular-se que, daqui a 15 dias mais ou menos, a insurreição de Paris estará provavelmente extinta. É, certamente, o mais triste episódio de nossas adversidades; pode-se razoavelmente esperar que este será o último golpe desferido contra a vaidade da nação, por rude que ele seja. Todavia, os embaraços constitutivos só se farão sentir, verdadeiramente, após o abrandamento deste acesso de febre ardente. Então, somente, ver-nos-emos em face da questão de organização.
Creio que a maior dificuldade, talvez invencível, que se opõe a uma solução sólida, é menos a resistência do que a ductilidade bastante excessiva das massas. Há, na realidade, cinco partidos em França; mas sob esta realidade que é de forma, há uma realidade mais forte ainda, porque ela é de fundo; é que a grande maioria dos franceses não têm verdadeiramente um partido tomado, e está pronta a aderir a todo chefe que seja um homem de gênio, que não cometa faltas, que não contrarie nenhum interesse, nem capricho algum, a quem tudo se pedirá sem nada retribuir, de quem se falará mal todo o dia e que deverá estar de pé. Eis o ideal político de todos os povos ingovernáveis e, em particular, da raça latina. Não sei se será fácil encontrar este fenômeno nos tempos de hoje. Como em verdade é um homem de carne e osso e não uma constituição que se quer, dirigiram-se os olhos para o lado do príncipe da casa de Bourbon; ele conserva-se silencioso e imóvel e tivemos a surpresa de constatar que a inquietação popular aspirava a uma restauração imperialista; é certo também que um plebiscito constituiria atualmente uma imprudência extrema neste sentido; entretanto, diante dos últimos sucessos militares e oratórios do Sr. Thiers, as eleições municipais tendo dado resultados republicanos moderados, daí conclui-se