um simples relancear de olhos sobre o passado lhes proporcionaria precioso sedativo contra exaltações destruidoras, salvando-os de crimes irreparáveis de que mais tarde irão penitenciar-se inutilmente. Há muitos anos que se processou nos limites da África e da Ásia a progressiva sedimentação e subsequente fermentação de subsídios culturais, carreados para as margens do Mediterrâneo pelas civilizações da antiguidade. O choque do encontro com as culturas ribeirinhas, e, principalmente, a conjunção de Israel com a filosofia helênica, gerou a crença que veio a ser espantoso elemento de progresso. Correspondia o cristianismo ao anseio dos povos que se tinham adiantado espiritual e materialmente, e não mais se satisfaziam com as primitivas religiões. O novo credo continha regras elevadas de justiça social e consolo para as multidões sofredoras. Trazia, igualmente, poderoso fator de intercâmbio, cruzando fronteiras, vencendo obstáculos considerados intransponíveis, delindo zelos e preconceitos, ganhando caráter universal, fenômeno que representava o maior progresso até então registrado na história.
Para lhe medir o alcance, suponhamos quais seriam os resultados da adoção no mundo inteiro do idioma que se está aperfeiçoando na Escandinávia, para substituir o esperanto. Se fosse possível o prodígio, acelerar-se-ia de tal maneira o progresso, que as futuras conflagrações internas e externas, explodiriam em espaço incomparavelmente mais curto, verificando-se, em dias, o que, de outro modo, demoraria meses. No passado, foi o cristianismo o maior agente da interação dos povos europeus, com a diferença que, antigamente, quando a humanidade dispunha de margem para a sua expansão, a fase era benigna, ao passo que, após vinte séculos de intensa atividade, a hipertrofia do