A Bahia e as capitanias do centro do Brasil (1530-1626). História da formação da sociedade brasileira. I Tomo

anterior. Aparecia como frutuosa empresa, mercê das remessas de açúcar nordestino, que em maré salvadora, afluíam aos portos lusos. Coincidia o reforço econômico com o ocaso da pimenta, fenômeno semelhante ao que mais tarde sucedeu ao ouro das Minas Gerais, quando assumiu, nos réditos do erário, a contribuição do açúcar em decadência. Continuou, ainda por algum espaço, a traficância da especiaria a seduzir imaginações, graças ao fabuloso resplendor que envolvia toda a Índia, onde, soldados de Portugal tinham desencravado diamantes dos olhos das divindades jacentes nos templos, e os vice-reis, recebido enormes propinas de príncipes necessitados do seu auxílio; mas, por fim, teve de ceder lugar às lendas de incomensuráveis riquezas ocultas nas margens da lagoa Parima e rio das Amazonas. Presumia muito naturalmente el-rei que também encontraria nas vizinhanças dos castelhanos os cabedais que permitiam ao imperador custear lutas intermináveis. Seguem daí as indagações, em afã contínuo, reiteradas aos índios pelos companheiros de Vaz de Caminha, pelos governadores gerais e aventureiros lançados no sertão, à cata do ouro reclamado pela coroa.

Na expectativa dos descobrimentos de minas, a monocultura de Pernambuco parece que de princípio, não entusiasmou o governo metropolitano como era de esperar. Teriam concorrido para o relativo desinteresse as complicações daquela custosa organização industrial e agrária, pouco atraente para quem lutava com falta de capitais. O cuidado requerido pelos engenhos afigurava-se excessivo, em confronto com o produto das minas castelhanas da América, fácil de transportar e negociar, que davam aparentemente lucros superiores. Ainda nas vésperas da guerra holandesa, os portugueses consideravam o Brasil apenas

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