como repositório de jazidas preciosas, sem empenho no desenvolvimento de culturas e da criação de rebanhos, a não ser como atividade subsidiária para a mantença dos habitantes. O regime das capitanias, com múltiplas exigências, fora uma decepção. Empresa desmedida para simples particulares, terminava, excluindo S. Vicente e Pernambuco, desamparada pelos donatários, tornando-se fonte de distúrbios e de preocupações. A reação do índio, quando percebia que o branco ambicionava escravizá-lo, depois de apoderar-se de suas terras, zombava dos Regimentos que teoricamente ordenavam possuísse cada lavrador armas para se defender e acudir ao brado del-rei. Atrás do gentio, assomavam corsários, constituindo grave perigo, por servirem de esculcas aos competidores dos portugueses. Sobre esses percalços, os poucos brancos do litoral viviam desavindos entre si, imersos no "mexerico", voltados contra donatários e mais autoridades locais. De nada adiantava inspirar-se a monarquia em exemplos da antiguidade, em que legionários tornavam-se colonos, levando consigo para as regiões sob domínio romano, os instrumentos de trabalho, e as, armas para manter a conquista. Longe de imitar a disciplina dos predecessores, o reinol era o primeiro a dar o exemplo de insubordinação, ao respirar na largueza americana. Transmutava-se em homem livre, depois do equador, e em dominador, ao pisar o chão, onde o branco mandava e se desmandava entre o gentio. O excesso da sua independência estorvava os concessionários das capitanias, ao passo que pouca mossa fazia aos governos das dinastias de Aviz, dos Áustrias e dos Braganças, sem embargo das grandes diferenças que as separavam. No reino, as populações eram reguladas por foros tradicionais, com regras severas, civis e religiosas, para nobres e plebeus.