História do Brasil T2: A formação, 1941

abrasava, tentou ganhar o Rio Grande. Frei Vicente do Salvador descreve sugestivamente essa caminhada trágica, pelas praias, mortos de sede os retirantes, perdida a esperança de salvação, entre os prantos de D. Tomazia, a mulher de Pero Coelho, que preferia entregar-se à sua sorte, e a tenacidade do capitão-mor... Atingiram enfim a fortaleza do Rio Grande. E de lá foi à Espanha requerer a recompensa de seus serviços, mas sem resultado, ao que diz o cronista(1) Nota do Autor.

Diogo Botelho, tanto que chegou à Bahia, pediu ao provincial Fernão Cardim que mandasse ao Ceará dous jesuítas: Francisco Pinto, hábil linguista, teólogo, que já missionara em Sergipe e Pernambuco(2) Nota do Autor e - moço de 28 anos - Luiz Figueira, autor da segunda gramática que se fez da língua brasílica(3) Nota do Autor.

Partiram os padres de Pernambuco em janeiro de 1607. Desembarcaram na boca do Jaguaribe, e, pela costa, demandaram os montes de Ibiapaba. De escolta levavam alguns índios mansos. Tudo lhes correu à medida dos desejos. Ao sopé da serra, entretanto, os esperavam os indomáveis Tocarijus. Em 11 de janeiro de 1608 assaltaram os tupis, companheiros dos dous sacerdotes, e, com a mesma fúria, a golpes de tacape mataram o bom padre Pinto. Avisado por um catecúmeno, o padre Figueira fugiu para o mato, e depois, cautelosamente, voltou ao campo do morticínio para dar sepultura ao mártir, cujos despojos foram mais tarde recolhidos, com grandes homenagens, a uma igreja que ali fizeram em sua honra portugueses e caboclos.(4) Nota do Autor.

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