XXV
LETRAS E ARTES
Formou-se no século XVII uma cultura no Brasil que já reflete - modestamente embora - as ambições precoces e os progressos da sociedade colonial.
O espírito brasileiro teria de definir-se lentamente, não pela originalidade de um ou outro homem de gênio, porém pelas influências de clima e povo (alma cálida e mestiça) no assunto literário, na emoção nativista - antieuropeia - e no amor da terra - ditirâmbico... A "independência mental" custou mais. Não se podia aspirar à liberdade sentimental na arte e no livro, que ao escritor português antepusesse o luso-americano - antes do rompimento político, que sobreveio no século XIX. A instrução jesuítica, o monopólio jesuítico do ensino fundamental com a curiosidade das letras circunscrita ao clero e a pouca gente mais, não deixaram que se manifestasse logo o sentido revolucionário daquela cultura tímida, ainda imitativa e enleada na rudeza tropical. O Colégio da Companhia tinha deveres mais claros e práticos: a difusão da língua portuguesa, onde índios e negros, mamalucos e mulatos tinham idioma ou dialeto bárbaro; a catequese, a escola primária, humanidades e - mais restritamente - teologia. Os estudos superiores demandavam melhores tempos, associações ou academias, livraria, prosperidade econômica e outras condições favoráveis ao espírito. De começo, o problema fora elementar e singelo: a fixação do "falar português"!