seus portos fechados, sem socorro de outras terras". E não temera o exultante contraste: "Senão pergunto eu: de Portugal vem farinha de trigo? a da terra basta. Vinho? de açúcar se faz mui suave e, para quem o quer rijo, com o deixar ferver dous dias, embebeda como de uvas. Azeite? faz-se de cocos de palmeiras. Pano? faz-se de algodão com menos trabalho do que lá se faz o de linho e de lã..."(1) Nota do Autor Era o que se sentia em 1689: "Aconselham os mais prudentes que se vista algodão, se coma mandioca, e que na grande falta que há de armas se torne aos arcos e flechas, com que brevemente tornaremos ao primitivo estado dos índios, e os portugueses seremos brasis".(2) Nota do Autor
A ideia do país "melhor de todos" referia-se ainda, é certo, à natureza, pois a história, a simplicidade colonial, os índios econômicos (na transição da época do açúcar para a do ouro) não autorizavam maiores ufanias.
Desmentia-se o poeta:
"Falem-vos num natural,
Dizeis faltas que não tem;
Mente o outro para bem,
Nós mentimos para mal."
A tendência portuguesa de encarecer o estrangeiro em prejuízo do que é nacional ("Na Pátria, onde profeta ninguém é...", gemeu Camões)(3) Nota do Autor, satirizada por Rodrigues Lobo nesses versos justos, transmudara-se de súbito numa literatura cheia de estímulos brasileiros, de promessas espirituais.