Panorama do Segundo Império

UMA SEPARAÇÃO VIRTUAL

No momento que marca, para as nações da Europa, o início duma etapa nova no caminho do desenvolvimento, no momento em que elas aceleram o ritmo do progresso e modificam, com muita rapidez, as suas normas sociais e políticas, numa apressada adaptação à recente ordem de cousas, surgida da revolução industrial, – Portugal começa a atirar-se na vereda tortuosa da mais completa decadência. A distância que o separa das demais nações europeias aumenta por isso mesmo, porque segue em sentido oposto. Estas, para as perspectivas novas. Portugal para o retrocesso, para a estática, para a paralisia das suas fontes de riqueza. Depauperado, arruinado, convulsionado, dessorado, – vai de queda em queda, degringolando cada vez mais, numa vertigem desoladora e contínua, de que se não salva e de que se não livra.

Ora, tais acontecimentos têm lugar, justamente, quando o Brasil começa a ressurgir. Quando a colônia na fase final da mineração, cujo fim rápido não se poderia prever, e apoiada na lavoura, desenvolvia a sua riqueza e passava por um surto de novas energias. Embora já tivesse passado o tempo em que um rei de Portugal, D. João V, gastara somas pecuniárias fabulosas para conseguir que o sacro colégio concedesse aos reis do seu país o título de Fidelíssimo e à nação portuguesa a posse de uma patriarcal que lhe devia abrir as portas do céu, arrastava-se a metrópole nas

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