vascas de uma agonia cujo prolongamento não fazia mais do que aumentar o quadro geral de crise, de desvario e de erro (11) Nota do Autor.
Esse declínio econômico, financeiro, material, era acompanhado por uma notável decadência moral. Não havia, na nobre nação lusitana, forças enérgicas, produtivas e capazes de uma reação. O gozo dos privilégios absorventes e a ociosidade mórbida davam a nota geral. Nesse ambiente, povo, nobreza e clero se esfacelavam numa dispersão de capacidade para lutar que anunciava os piores dias.
Tal quadro provinha das condições da propriedade e do contraste oferecido pela marcha diversa que as cousas tomavam na metrópole e na colônia. Enquanto, lá, a propriedade se achava, quase que na sua generalidade, vinculada, no Brasil não havia limites para os latifúndios e a existência se anunciava propícia ao emprego das energias produtoras. As terras pertenciam, em Portugal, na sua quase totalidade, à coroa, à nobreza, ao clero secular, às ordens de cavalaria, aos conventos, às comunas e às corporações de mão morta. Constituíam-se em bens inalienáveis. Ficavam isentas do pagamento de dívidas. Não serviam para saldar, portanto, os débitos dos seus possuidores que, não as podendo lavrar e não as querendo lavrar, não nas podiam passar adiante, para a necessária circulação da riqueza, tornando-as propriedades de outros que, mais enérgicos, quisessem se dedicar aos misteres da lavoura. O usufruto dessas terras tirava o ânimo aos servos e