Pela centralização o império procurava destruir a grande força social representada pelas oligarquias provinciais, oligarquias que haviam suportado a direção dos negócios públicos desde a independência e que tinham tornado possível a autonomia brasileira, pela hierarquia de valores de toda a ordem que representavam e pela soma de interesses que reuniam. A grande e sólida política imperial que devia ser a de solidariedade com essas oligarquias, retirando delas a força que devia ser empregada em obras destinadas a impulsionar o desenvolvimento regional, descambou, na sua centralização áspera, para um corte excessivo, cada vez mais intenso e mais raso nos poderes dos oligarcas, reduzindo-os a expressões nominais, cheias de símbolos bonitos e de títulos e de comendas, mas inexpressivos como forças parceladas e paralelas que dariam equilíbrio ao regime. Por outro lado a destruição progressiva da grande propriedade, a sua fragmentação lenta, retirava aos latifúndios a expressão antiga e aos seus proprietários o caráter de grandes senhores. Ora, essas oligarquias não eram mais do que a fonte e o amparo da elite agrária que delas emanava e dos seus quadros provinha. O enfraquecimento delas representava, em última análise, a destituição pura e simples dessa elite, que apoiara a independência e vinha dirigindo o país. O enfraquecimento da elite agrária, por sua vez, favorecia o advento da elite dos letrados que, apoiados pela obra sistemática do regime, pela fragmentação da propriedade, pela urbanização crescente da existência nacional, pelo aumento dos quadros burocráticos e outros fatores, se sentia com forças para assumir os postos de direção e dar o sentido político das mutações que haviam de surgir nos horizontes, mutações a que haviam de dar o signo teórico dos seus